segunda-feira, 22 de junho de 2009

Poesia: Princípio I

Princípio I

A cada instante eu me transformo...
E me modifico mais e mais
Como as areias do deserto
Tangidas pelo vento que sopra do oriente
Do ocidente, do nascente e do poente
Não sei de que lado é mais forte. Só sei.
E me deixo levar...
Com os movimentos do sol,
Da vida, do tempo...
(021085)

Texto: A solidão das árvores (princípio)

A solidão das arvores

Quando se propuser a escrever, lembre da minha história. Sei que não fui o moço que sua mãe sonhava, mas vivemos momentos que não serão jamais apagados da memória dos que os viveram conosco.
A solidão afoga meus pensamentos e, incessantemente, vai enchendo de sombras os momentos brilhantes de meus dias passados guardados no baú de minhas memórias. A tenebrosa sombra estende-se indômita pelos vastos campos, desnudos, verdes pastos solitários. Lá, ao longe, ruminam os bois. Poucos vestígios de arvores protegem os lugares onde ainda guardo algumas lembranças. E os homens avançam devastando. As raízes, expondo, e outras enterrando fundo para não rememorar enquanto ruminam suas agruras. Por que eu? Onde estão meus semelhantes que me deixaram abandonado, cercado de solidão. As árvores onde estão, as plantas rasteiras. Os arbustos que retinham pequenos entes abaixo de minhas sobras. E barravam com suas intransigências a passagem dos homens. A sombra boa que produziam, frutificavam as ávidas incubando novas sementeiras e escondendo a possibilidade de que a solidão se avizinhasse. Agora sozinho neste espaço aberto nada a dizer, pois não há ninguém a nos ouvir. Minha copa frondosa não serve a nada, mesmo quando se estende ao longe não alcança o toque da minha irmã que grita ao longe. Estamos próximas e distantes.
A solidão das arvores é tão grande quanto a dos homens. Ah! seres irracionais. Vejam o que fizeram de nós os entes que viram a vida surgir e dela fomos encarregadas desde o princípio dos tempos...

sábado, 20 de junho de 2009