terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Diverso

Faz de conta que o mundo não é tão cinzento ou tão cheio de humanas desigualdades. Que o mundo seja feito  de diversidades e de combinações variadas de genes, de gênios,  de afetos e de sentimentos.  Mas diverso nas opiniões e modos de ver as coisas, que passam desapercebidas vez ou outra. Hoje, sobre a desuniformidade do verde, dois modos de florir, modos de despertar e captar luminosidade. Em um há uma sutil permanência, em outro a mais breve das manhãs. De todo modo, ficam os efeitos da percepção, emoção ou indiferença, mas por certo, uma beleza diversa que faz a diferença a quem observa o despertar da vida com a devida atenção! Todas as desigualdades e diferenças pareceram tão indistintas no final das contas. Apenas resta a certeza breve de que há sempre algo mais lindo para onde dirigir o olhar, e os sentidos da vida e porquê seguir se encantando.
SGdeAlmeida

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Um céu de algodão

Parece uma manhã qualquer. Como todas as manhãs quaisquer em que se acorda e se  dá bom-dia ao dia que se apresenta. Tudo simples como acordar e se por de pé, e ir-se entregando as rotinas e a vida no seu normal. Mas eis que na manhã o algodoeiro abriu-se em flocos. Aliás, eis que o homem dos doces passeou com seu carrinho e deixou os flocos de açúcar a  pontuar o céu com o branco tentador do algodão. Ninguém o viu no seu passeio. Mas quem observou seu movimento,  viu o efeito do giro hipnotizador da máquina na feira, na quermesse, na festa do interior. Aquela doçura se dissolvendo e se juntando docemente, formando espetaculosos flocos coloridos. Embora os brancos, brilhantes em sua transparência inusitada, sejam os mais inquietantes. O homem do algodão doce derramou seu festival de doçura no céu desta manhã. E a manhã deixou de ser qualquer manhã. O dia parece repleto de risos e burburrinho de quermesse. Quisera. Mas não sendo,  a manhã ganhou um efeito especial para impulsionar a vida. Um céu polvilhado de nuvens como algodões, doces, de memórias e de imaginação enriquecida. O bom da vida se  ilumina com o movimento giratório da alegria nos flocos de algodão. E a manhã deixou de ser a manhã de qualquer dia. Há nuvens passeando no céu que recobre o algodoeiro.
SGdeAlmeida

domingo, 12 de fevereiro de 2017


À beira da Lagoa, as flores não dormem. Precisam alimentar milhões em suas breves vidas!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Flor estrela

Ah! Se de repente o mar resolve enviar emissário para ilustrar teu dia, aproveita e usufrui da surpresa de ver a estrela à   porta de teu dia. Ela deve estar a demonstrar o insólito da vida e o quanto ela não precisa ser convencional. Nenhuma amarra impede o acontecimento e tuas certezas não impedem a sereia de desejar ser caminhante, assim como não impediu a estrela de ser flor. E de cactos!! Prepara-te, viver é tão surpreendente...
SGdeAlmeida

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Harmonia

Tantas e tantas vezes acreditamos em nossa capacidade de transformar o mundo que sequer nos damos conta das nossas mutações  infinitesimais. Essa displicência deixa nossa marca no entorno porque espalhamos uma energia destruidora e impaciente. Alheio a nossos desejos e planos ou às descargas descontroladas de nossa energia o ritmo das coisas segue. E em muitos momentos o que nos limita é a dissintonia. Detenha e harmonize seu querer com o circundante e o que tiver que ser realizado para o bem da vida seguir seu curso se realizará.  Observe a brevidade das flores, como tão sutilmente realizam o propósito das florestas. E quando se vê já findaram em seu colorido e beleza. Porém deixaram à posteridade da vida, sementes de esperança e energia renovada para quem alinhou o olhar e harmonizou suas  expectativas com a vida. 
SGdeAlmeida

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

A flor

A flor, e suas pétalas, essa incógnita.
Meu olhar, além da surpresa,
A revisita.
Prescrusta seu arranjo.
A investiga na lindeza.
A flor, indiferente e bela,
Posiciona-se para brilhar,
Atrair o olhar e o acasalar.
E nos minúsculos arranjos dela,
Pétalas, cores e feronômios,
Distribuem sua beleza
A quem, como eu que vejo a flor, se abra janela
 E, momentaneamente, vendo  a flor, se desvaneça com sua presença e singeleza.
SGdeAlmeida

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Solar

Parece tão óbvio que toda manhã apareças. E mais óbvio que o atarefado de sempre nem note os teus afagos de luz. Ou agradeça esta mansidão de despertar. O manto surrado de cinzas, os entremeios de cores, com os quais desperta da noite a aurora. Tudo despercebido. Até que então te escondes. E assustado com a breve escuridão,  põe-se  à procura. Só não te gosto a pino, quando são bem vindas as sombras que te vestem. Muitas das vezes prefere-se o amanhecer e o entardecer, esquecidos de que entre o início e o término há o meio, o entremeio, o estremecer, a alegria e a dor e os instantes  frugais.  Não te prolongues escondido, chuva a dentro -  rarefeita nestes sertões mundo à fora - pois senão definha, adormece  adormecem, esmorecem e tudo pode se perder. É tão óbvio que até perde-se o tempo de te ver, embora embebidos de luz, cor e sombras se queira despir ao teu prazer. E a obviedade desvanece enquanto corpo e alma languidamente desfalecem. SGdeAlmeida

Passeio

Os passos ligeiros são necessários para alcançar os objetivos de tua partida. Mas eles não ofusquem os teus sentidos, nem teu intuito, impedindo que vejas as peculiaridades do trajeto. De repente o que precisavas para melhorar o prazer da chegada esperava o teu acolhimento e tua mão estendida ao toque naquele desvio do caminho. Apressado nada percebeste e a memória ficou vazia de retornos e de encantos, só restaria a esperança de seguir... mesmo que não voltes, atenta teu passo. Há gotículas de vida esperando afagos em todo lugar. Há cores celestiais pontilhando o percurso, e serão favoráveis ao teu intento de felicidade. Ela que acontece instante a instante, nunca, somente, na chegada. Vedes as flores...
SGdeAlmeida