quinta-feira, 21 de junho de 2012

Poesia : Alujá de Antonio


Alujá de Antonio



O santo no oratório
É Antonio!
O santo no terreiro
É Xangô!
Quem quer  que seja
O santo é o homem
O santo é a gente.
Santo devotador
Quem chega olha
E  ouro há de Lisboa a Pádua  
Ladainhas  como tempestades
Pedem reza, pedem louvor.

Os que pedem
Os que agradecem
Os que bendizem
Giram em palpitante cantoria.
Benzedeiras, rezadeiras,  cantam
E  o santo  faz milagres de alegria
Palmas  para Xangô!!
Salve Antonio, que todos  amam!!
SGdeAlmeida 19062012

Goiabeira

Das goiabeiras lembro-me do perfume que se espalhava pelo pomar, atravessava o pasto de manhãzinha e invadia nossas narinas de crianças vorazes. Os galhos retorcidos pareciam frágeis. O marrom quebradiço da casca, quase pele descascando, deixava entrever o verde discreto e a dureza da madeira. A dureza do galho da goiabeira era sutil e leve, mas suportava as estripulias das crianças, que avançavam enlouquecidas para aproveitar cada fruto que brotava por entre as folhas. Brancas ou vermelhas. Ninguém sabia precisar antes da mordida qual a cor ou o sabor. Somente o perfume dava uma ideia do quanto ela poderia ser suculenta. Aqui e acolá por entre as folhagens ainda brotavam flores brancas finíssimas e quase impossíveis de ver por entre seus pequenos dedos uma goiaba dali brotar, mas brotavam e como eram doces. Antes das goiabas o espaço que separava a casa do pomar, da roça, era uma vastidão sem fim diante da ansiedade de sentir o gosto sem par. O chão de massapé, às vezes coberto de capim grosso e curto, escondia alguns vincos, alguns ninhos de espanta-boiada. Seus gritos de defesa dos ninhos eram assustadores, mais que seus voos rasantes com bicos entreabertos prontos a bicar, eram mais um dos muitos desafios até as goiabeiras. Os espanta-boiadas estavam prestes a bicar as cabeças descobertas se a travessia aproximava por demais dos ninhos escondidos nas moitas. Mas quem queria saber de ninhos de espanta-boiadas e capim. A vitória era as goiabeiras repletas de frutos amarelo-ouro por fora escondendo o seu vermelho carnudo, macio e perfumado, ou de outra forma o branco leitoso e doce feito mel cujo caldo escorria pelos cantos. Esses eram os prêmios que alegravam as crianças. Os caroços recobertos por uma fina quase penugem dourada e aquela carnosidade doce que os ligavam derretia só de olhar. E os galhos pareciam poucos para mãos e pernas que saltavam qual saguis. Uma saudável e desenfreada competição era desencadeada. Quem comeria a mais doce, a mais madura, a maior quantidade. Empanturravam-se de goiabas vermelhas e brancas. E o cheiro transbordava por entre as árvores espalhando risos alegres de crianças felizes e a surpresa do sabor infiltrando-se para sempre na mente dos que viveram tal alegria.

SGdeAlmeida, 05052012 FSA.